sexta-feira, 19 de março de 2010

autópsia/autoespia


cortei meu peito
a machado
e inventariei:

aqui no canto frases cortantes
quase com tanto fio quanto fel

sobre tudo
uma melodia

de dia claro vinho e mel

a seguir:
varios anéis e um só dedo
encobrindo uma única aliança
e todos os dedos
(inclusive aquele)

um farto estoque de choros
um claro toque de amigos
um coro berrando: brocha
um outro gritando: bicha
e uma bela resposta

no centro
todas as fotografias do meu amor
e alguns ódios meio obscuros

por último, dançando uma lenta valsa,
um medo apavorado e uma temerária coragem

Um comentário:

Virginia Teixeira Gazini disse...

Fiquei reverberando essa autópsia. O que teria na minha? Genial!

 
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